Sem coincidências, sem histórias. Eu li essa frase em algum lugar, e ela faz todo o sentido quando eu paro para pensar em você. Esse tanto de coincidência envolvendo as circunstâncias em que nós nos conhecemos e aonde estamos quer dizer alguma coisa? Ou não quer dizer nada? Eu pego me ponderando em tantas perguntas quando eu faço uma retrospectiva do último mês e tudo o que envolve nós dois.
Seria coincidência nós termos nos encontrado pela primeira vez em um grupo de Whatsapp de apreciadores de arte erótica? Convenhamos que não é o primeiro lugar da lista de lugares onde eu imaginaria criar um vínculo tão legal, mas ainda assim aconteceu. Nunca imaginei que compartilhar um álbum da Courtney Barnett poderia render um papo tão descompromissado mas que ainda assim fez (e faz) tanta diferença.
Seria coincidência nós termos tanta coisa em comum? Eu fico pretérito quando eu penso na extensa relação de similariedades que nós temos. O gosto por arte, pelas músicas, pelos filmes. O fogo no cu também é igual. Até os rolês que demos e nunca nos esbarramos, mas estávamos lá no mesmo tempo e espaço. Loucura né? Eu pego revisitando a minha memória e fazendo um esforço digno de uma tarefa de Hércules pra me lembrar se eu te vi em algum momento. A única coisa remotamente parecida é que me lembro de ter visto uma pessoa de cabelo colorido do meu lado direito em algum momento quando o show do Selvagens a Procura de Lei na Criolina começou. Se era você mesmo ou se é só uma peça que meu subconsciente está me pregando eu não faço ideia e talvez nunca saberei. Mas gosto de pensar na possibilidade de que era você mesmo.
Seria concidência nosso beijo ter se encaixado tão bem? Dizem que quando isso acontece é porque fodeu, mas eu não consigo pensar em absolutamente nada de ruim vindo disso. Tipo, como pode ser ruim? É genial quando me lembro na espontaneidade de quando nossos lábios nos encontraram e de como foi um gesto genuíno de carinho de nós dois. Não foi naquele “ai será se arrisco”, “eu não me lembro como que se beija, será se vou fazer merda” ou “vou esperar ela fazer o primeiro movimento”. Só aconteceu porque tinha de acontecer ali.
Eu poderia continuar a enumerar várias coincidências que o último mês nos evidenciou, mas acho que seria redundante e eu perderia o fio da meada. O que mais importa aqui é deixar claro como eu me sinto bem e feliz que você está nesse momento em específico da minha vida. 2020 foi um ano bem cu por tantas razões que não preciso citar, mas foi o momento em que eu dei passos muito importantes para cuidar de mim. De estar em um estado mental mais saudável, de saber quem eu sou, de quem eu posso ser e do que eu preciso fazer para chegar lá. Você ter aparecido de forma tão singular foi a prova cabal de que eu estou em um momento muito mais sereno e calmo da minha existência e de que, sim, eu mereço pessoas incríveis na minha convivência.
Esse processo que estamos de nos conhecer tem sido muito gostoso. De conhecer a sua história, de saber das outras coisas que você gosta, do que você não gosta, da sua forma de manifestar afeto e atenção, das suas manias, medos e hábitos. Ainda tem muita coisa que eu irei descobrir sobre você. E você de mim. Você não sabe que eu tenho de bater o cabo da escova de dentes na pia toda vez que eu escovo os dentes, por exemplo. Que azul é a minha cor preferida ou que Piet Mondrian é um dos meus pintores prediletos. Assim como tem tanta coisinha, escondida ou não, que eu quero conhecer de você. Isso me anima e me instiga a cada vez mais querer estar perto de ti e te conhecer.
E eu tenho certeza que ao longo desse processo de conhecer a sua história eu vou conhecer cada vez mais as facetas da sua personalidade. É lógico e muito natural que eu vou conhecer as partes não tão legais, os podres, os traumas. E por mais que isso me assuste ou choque em algum momento, isso não vai me desmotivar a cada vez mais querer te conhecer ou estar na sua presença. Até o momento em que eu escrevo essa carta/texto/o que quiser chamar, eu não motivo algum para querer me afastar de ti. Eu só tenho motivos para poder ficar. Também, pudera né? Eu me sinto extremamente confortável para ser quem eu sou, conversar absolutamente o que eu quiser, alcançar a amplitude máxima da minha alma na sua presença. Você não precisa de mim para nada, mas parece fazer questão de mim para tudo. Você tem um interesse genuíno em saber como estou e entender mais da minha própria história. Me sinto acolhido e na presença de algo muito mais forte, gostoso e maior do que eu. Você realmente tem uma luz interior muito forte e cativante, Isadora.
Essa é uma das poucas vezes na minha vida em que não ter respostas pras perguntas que rondam a minha cabeça não me traz o mais profundo desespero. Eu estou deixando o sentimento ir aonde ele precisa ir. Sem pressa, sem pressão. Eu estou tranquilo a tal ponto de que, se daqui a um tempo, a gente virar algo a mais ou se ficarmos só como amigos, eu vou estar muito satisfeito. Por que, de uma forma ou outra, eu vou ter a sua companhia e presença nos meus dias. Saber que eu tenho a presença de uma mulher incrível e magnífica é gostoso demais. Mas você sabe que eu gosto demais de você, eu não consigo nem disfarçar. Tá estampado na minha cara.
Até porque, no fundo, tudo que a gente quer é gostar de alguém. E que esse alguém goste da gente também. Será se a história mais velha do mundo está sendo escrita aqui e agora? Eu não faço ideia. Mas mal posso esperar pelo que os próximos capítulos nos reservam.
Tendo putaria, afeto e admiração com você, eu topo qualquer coisa.
